sexta-feira, 6 de junho de 2014

Yngwie Malmsteen: os 30 anos do clássico Rising Force

Há 30 anos um jovem sueco lançava aquele que passou a ser considerado por muitos, um dos melhores álbuns de guitarra de todos os tempos, em uma época em que tocar o maior número de notas possíveis em um menor espaço de tempo era melhor, a fusão de rock e música clássica apresentada por Lars Johan Yngve Lannerbäck, mundialmente conhecido como Yngwie Malmsteen, revolucionou a história da guitarra e colocou tal fusão em um outro patamar.

Nascido em 30 de junho de 1963 em Estocolmo, Suécia, Yngwie começou cedo no mundo da música, aos 5 anos já tinha aulas de piano e trompete, mas após ver Jimi Hendrix queimar uma guitarra na televisão em 1967, decidiu que queria se dedicar ao instrumento. Malmsteen também foi altamente influenciado por Richie Blackmore – que também misturava rock com elementos da música erudita -, como o próprio confirmou em entrevista à revista Guitar Player: “Fireball, do Deep Purple, foi o meu primeiro disco, que ganhei quando tinha oito anos de idade. Nunca havia escutado um disco de rock antes e Blackmore foi o primeiro guitarrista que ouvi tocar. Ele foi minha grande inspiração e influencia quando eu era criança”.

Yngwie passou por bandas como Steeler e Alcatrazz, mas foi em carreiro solo que realmente decolou. Seu disco de estréia, intitulado “Rising Force”, foi lançado em 5 de março de 1984 via Polydor, o trabalho chegou ao número 60 da parada da Billboard, uma marca importantíssima, além de ter sido indicado ao Grammy como "Melhor Disco de Rock Instrumental". Produzido pelo próprio Malmsteen em parceria com os engenheiros Les Claypool e Peter Vargo, o álbum traz o estilo inconfundível e o timbre característico do músico, moldado pela combinação de Fender Stratocaster e Amplificadores Marshall.

O sueco cuidou das gravações de guitarra e baixo e foi acompanhado por músicos excelentes, Barriemore Barlow (bateria) Jens Johansson (teclados) e um dos melhores vocalistas de rock de todos os tempos, Jeff Scott Soto, que em apenas duas músicas conseguiu mostrar todo o seu potencial e até hoje é considerado por muitos o melhor cantor que Yngwie teve em sua banda.

A abertura de Rising Force se dá com “Black star”, com uma belíssima introdução ao violão, música que tem presença certa nos shows do guitarrista, o mesmo acontece com “Far Beyond The Sun”, clássico absoluto de Yngwie, a faixa contém uma das principais ferramentas utilizadas por ele, a escala menor harmônica. Além de ser famoso por sua incrível velocidade, Malmsteen também executa bends precisos e certeiros, com um feeling assombroso.

O álbum todo é perfeito e sensacional, com certeza a melhor fase do sueco, outros destaques são “Evil Eye”, “ Icarus’ Dream Suite Op. 4”, que traz uma releitura do adágio de Albinoni e o encerramento do álbum com “Farewell”, nesta Malmsteen constrói uma melodia maravilhosa utilizando apenas harmônicos naturais (técnica em que o guitarrista encosta levemente o dedo sobre os trastes da guitarra enquanto palheta a corda).


Apesar de altos e baixos em sua carreira e de ter tido sua melhor fase nos anos 80, Yngwie Malmsteen pode se orgulhar, pois sua estreia foi um marco na história da guitarra, divisor de águas, um trabalho primoroso, inspirado, que influenciou e ainda influencia guitarristas pelo mundo todo. O fato de ser amado por uns e odiado por muitos não tira de Malmsteen a acunha de gênio das seis cordas.

Track-list

1."Black Star"  
2."Far Beyond the Sun"  
3."Now Your Ships Are Burned"  
4."Evil Eye"   5:14
5."Icarus Dream Suite Op. 4"  
6."As Above, So Below"  
7."Little Savage"  
8."Farewell" 



terça-feira, 3 de junho de 2014

Resenha - Space Police - Defenders of the Crown - Edguy

Por Paulo Pontes

Ousadia, um pouco do passado da banda e uma dose de modernidade, tornam "Space Police - Defenders Of The Crown" o melhor álbum lançado pelo Edguy desde "Hellfire Club".

Não que os três discos anteriores a "Space Police" sejam ruins, muito pelo contrário, em "Rocket Ride" - o melhor deles, em minha opinião - a banda colocou de vez toda a sua influencia de Hard Rock e gravou um disco que pôs a banda em outro nível musical, o disco era ótimo, mas não irrepreensível.
"Space Police - Defenders Of The Crown" também não é, mas mostra uma banda mais madura e concisa, o disco abre com "Sabre & Torch" e já mostra o estilo utilizado pela banda em músicas de "Hellfire Club", pesada, moderna e com um refrão que funcionará perfeitamente ao vivo, - uma constante no álbum - dá até pra se imaginar no show entoando o refrão da canção.
"Space Police" tem uma introdução bem moderna, e um coro no refrão que lembra os trabalhos de Tobias no Avantasia, próximo ao final da canção - uma das poucas sem solos de guitarra - ouvimos uma vocalização de Tobias no mínimo, exótica, talvez desnecessária, mas no geral é uma ótima música.
"Defenders of the Crown", traz um pouco do power metal que era praticado pela banda em seus primeiros registros, guitarras harmonizadas e bateria com bumbo duplo, após um belíssimo solo de guitarra, é iniciado um coro feito propositalmente para ser realizado ao vivo, com Tobias sendo "imitado" pelos fãs.
Na sequência vem a mais "farofa" música do álbum, "Love Tyger", que já deixou alguns fãs mais "exigentes" irritados, mas no final "Love Tyger" é uma excelente canção e que tem um dos melhores e mais legais solos do disco, queira você assumir ou não, o Edguy funciona muito bem quando se propõe a fazer este hard mais despretensioso e festeiro.
"The Realms of Baba Yaga" é outra com a pegada mais Power Metal do cd e coloca as guitarras em evidencia, com riffs rápidos e mais um excelente solo, que se destaca com relação ao restante da música.
Então chegamos a surpresa do álbum, um cover do cantor austríaco Falco, "Rock me Amadeus", confesso que estava bastante curioso e um pouco receoso em ouvir tal versão, e para minha surpresa e alívio, "Rock me Amadeus" ficou muito, mas muito boa mesmo na versão do Edguy, Tobias se saiu muito bem cantando de forma mais grave, alguns - ou muitos - vão torcer o nariz e até mesmo criticar a banda pela escolha, mas é inegável a qualidade da música e a força do seu refrão e seria um desperdício caso o Edguy não venha reproduzi-la ao vivo, entre as melhores do álbum.
Os teclados e o baixo ditam o ritmo em "Do Me Like a Caveman", mas o refrão é um dos menos marcantes do disco, a esta altura você ainda vai estar com o refrão de "Rock Me Amadeus" na cabeça, além de a música possuir o famigerado fade out, que neste caso não funcionou.
Com um excelente instrumental "Shadow Eaters" dá sequencia ao trabalho com um refrão bem melódico e agradável, mais uma que ficará muito bem ao vivo, vale ressaltar o trabalho de bateria de Felix Bohnke, preciso como sempre.
Eis que surge a balada do disco "Alone In Myself",a banda sempre compõe lindas baladas e aqui não é diferente, Tobias transmite toda a sensibilidade da música, está longe de se tornar uma "Land of the Miracle", mas é uma linda canção.
De forma épica, com mais de 8 minutos "The Eternal Wayfarer" encerra o álbum, a música traz inúmeros elementos que sempre estiveram presentes na história do Edguy, destaque para os teclados e vocalizações dignas de nota, além de um refrão forte e ótimos solos de guitarra, a música passa pelos seus oito minutos sem alterações no andamento e mesmo assim não soa cansativa e muito menos pretenciosa, um encerramento magnífico para um álbum que com certeza entra na história do Edguy como um dos melhores de toda a sua discografia.
Mereceria um 10 não fosse "Do Me Like a Caveman".
Track-list
1. Sabre & Torch
2. Space Police
3. Defenders Of The Crown
4. Love Tyger
5. The Realms Of Baba Yaga
6. Rock Me Amadeus
7. Do Me Like A Caveman
8. Shadow Eaters
9. Alone In Myself
10. The Eternal Wayfarer
Originalmente publicada em: http://whiplash.net/materias/cds/201948-edguy.html

Resenha - Noturnall - Noturnall

Debut avassalador!

Por Paulo Pontes

Não poderia ser diferente, integrantes de uma das melhores bandas do Brasil se juntam a um dos melhores bateristas do mundo, resultado, o álbum de estreia do Noturnall é incrível.


Para quem não sabe, a banda é formado pelos integrantes do Shaman (Thiago Bianchi, Léo Mancini, Fernando Quesada e Jr. Carelli), além de ter na bateria o grande Aquiles Priester.
O álbum já começa matador, "No Turn At All" é pesadíssima, os vocais do Thiago Bianchi estão agressivos - diferente de outros registros - mas ao mesmo tempo apresentam aquela melodia e sensibilidade que já conhecemos, em alguns momentos soa como uma mistura de Phil Anselmo e Chuck Bily, mas com a pegada e características vocais marcantes de Thiago. Só ouvindo para ter uma noção do que estou falando.
As guitarras de Léo Mancini estão com um peso descomunal, e a propósito, como o cara é completo e diversificado no instrumento,  quem já ouviu outros trabalhos do Léo, incluindo seu álbum de versões Acoustic Hits, percebo o quanto o cara é bom independente da vertente em que se propõe a tocar. Os riffs de Noturnall são sensacionais, os solos que Léo faz juntamente com os teclados de Jr. Carelli se completam e mostram muita técnica e feelling apuradíssimos.
A cozinha da banda é indescritível, falar que o Aquiles é um excepcional baterista é com certeza chover no molhado, o cara não para um minuto nas músicas mais rápidas, viradas precisas, ataques certeiros nos pratos, uma pegada violentíssima, alem de um ótimo som de bateria. O baixo de Fernando Quesada contribui de forma única para com todo este peso do, e não poderia ser de outra maneira, na minha opinião Quesada está entre três melhores baixistas do Brasil.
Você deve estar pensando: -PQP! O maldito escreveu tudo isso e só falou da primeira música...
Calma! Têm mais alguns destaques, a segunda música do cd é um deles. "Nocturnal Human Side" tem todas as características da anterior e de quebra conta com a participação de um vocalista, que pode ser considerado um dos melhores da atualidade, Russell Allen, que não apenas participou da música, como, foi o produtor do álbum, demonstrando saber muito sobre o assunto. Vale ressaltar o "casamento" perfeito que as vozes formaram neste petardo.
"Hate", um metal moderno que logo de cara dispara: "Hate! Fuck your hate!", tem uma estrutura complexa e variações de tempo e dinâmica que, apenas músicos de tal calibre conseguem transmitir de forma natural. 
Mas, nem só de pancadaria vive o metal, "Last Wish" é de uma sensibilidade impar e realmente cumpre seu papel, Bianchi dá um show a parte.
Este é um daqueles álbuns que escutamos e de repente damos conta, não pulamos uma faixa se quer.
A balada acústica, "The Blame Game", finaliza um álbum que com toda certeza estará na lista de melhores lançamentos de 2014 e coloca o Noturnall na lista de bandas que orgulham o metal nacional e nos iguala a bandas consagradas no mundo todo.
Destaque também para a belíssima  arte da capa, criada pelo artista Carlos Fides, da ArtSide.